No universo do fornecimento de energia elétrica em Alta Tensão (AT), especialmente nos níveis de 69 kV e 138 kV que atendem grandes indústrias e complexos comerciais, um aspecto é absolutamente fundamental: a precisão da medição.
Uma medição exata garante não apenas um faturamento justo, mas também a gestão eficiente do consumo e a saúde do sistema elétrico como um todo. As distribuidoras, como a Enel, possuem especificações técnicas detalhadas que orientam como essa medição deve ser realizada.
Entender esses requisitos medição alta tensão é crucial para qualquer consumidor conectado a essa rede. Neste artigo, vamos explorar os pontos chave relacionados à medição em AT, conforme detalhado no documento “CNC OMBR MAT 19 0407 EDBR Fornecimento de Energia Elétrica em Alta Tenso 138 69 kV” da Enel Distribuição.
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O Sistema de Medição para Faturamento (SMF) em AT
Para garantir que o consumo de energia em Alta Tensão seja registrado de forma precisa, a distribuidora estabelece um conjunto de equipamentos e sistemas que formam o Sistema de Medição para Faturamento, conhecido pela sigla SMF. A Especificação Enel descreve claramente os componentes essenciais deste sistema.
“O sistema de medição de faturamento é composto por medidor principal, transformadores de corrente, transformadores de potencial, sistema de comunicação de dados e, quando solicitado pelo cliente, pelo medidor de retaguarda;” (Especificação Enel, Seção 7.7.1)
Vamos entender melhor cada um desses elementos:
Medidor Principal: Este é o coração do SMF. É o equipamento responsável por registrar a energia elétrica ativa (kWh) e reativa (kVArh), além da demanda (kW e kVAr) consumida pela unidade. Sua precisão é vital para o faturamento.
Transformadores de Corrente (TCs) e Transformadores de Potencial (TPs): Operando como “tradutores” do sistema de AT, TCs e TPs reduzem os altos níveis de corrente e tensão da rede para valores seguros e compatíveis com os medidores. A precisão desses transformadores é tão crítica quanto a dos medidores, pois qualquer erro neles impacta diretamente a leitura final. Eles são, inclusive, de fornecimento exclusivo da Distribuidora, conforme a Especificação Enel.
Sistema de Comunicação de Dados: Em instalações de AT, a leitura dos dados de medição é geralmente feita remotamente. O sistema de comunicação de dados (muitas vezes utilizando tecnologias como VPN) permite que a distribuidora acesse as informações do medidor de forma segura e em tempo real.
Medidor de Retaguarda: Este componente é opcional para consumidores livres, mas fundamental para adicionar uma camada extra de confiabilidade ao sistema de medição. Ele funciona como um backup do medidor principal. Para consumidores cativos, seu uso fica a critério da Distribuidora. Se o cliente livre optar por ele, a responsabilidade financeira é sua, embora a Distribuidora possa adquiri-lo e ser ressarcida.
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Este conjunto de equipamentos deve estar fisicamente localizado no Ponto de Entrega, que é o limite entre as instalações da distribuidora e da unidade consumidora.
“O ponto de entrega de energia elétrica deve ser único para cada consumidor, situar-se no terreno do acessante, junto ao alinhamento com a via pública para unidade consumidora.” (Especificação Enel, Seção 7.5.2.1)
Em sistemas de AT, o ponto de entrega se caracteriza por um conjunto de equipamentos que estabelece a conexão, como módulos de manobra, e está onde a medição é realizada.
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Classes de Exatidão Exigidas: Um Padrão de Excelência
Quando falamos em medição para faturamento em Alta Tensão, a precisão deixa de ser um diferencial e se torna um requisito mandatório. A energia consumida e demandada por grandes unidades requer medidores e transformadores de instrumentos com margens de erro mínimas. A Especificação Enel estabelece padrões claros de classe de exatidão, diferenciando-os, inclusive, pelo tipo de consumidor.
Para Consumidores Cativos
As unidades consumidoras cativas, que compram energia diretamente da distribuidora sob condições reguladas, devem ter medidores que atendam a uma classe de exatidão específica.
Uma classe de exatidão 0,5 significa que o erro máximo permitido na medição é de 0,5% do valor real. Embora seja uma tolerância pequena, é menos rigorosa que a exigida para o mercado livre, o que vamos ver a seguir.
Para Consumidores Livres e Potencialmente Livres
No caso dos consumidores livres, que têm a opção de comprar energia de qualquer fornecedor no Ambiente de Contratação Livre (ACL), e dos consumidores potencialmente livres, que se enquadram nos requisitos para migrar para o ACL, a exigência de precisão é ainda maior.
“Os medidores de energia destinados ao faturamento de energia elétrica de consumidores potencialmente livres devem possuir a mesma classe de exatidão dos consumidores livres, 0,2 ou 0,2S, para todos os sentidos de fluxo de energia” (Especificação Enel, Seção 7.7.2)
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A classe de exatidão 0,2 ou 0,2S representa um erro máximo de apenas 0,2%. Essa diferença parece pequena, mas em volumes elevados de consumo e demanda típicos da Alta Tensão, ela representa uma diferença financeira considerável ao longo do tempo. A notação “0,2S” indica medidores que mantêm essa alta precisão mesmo em baixas cargas, o que é relevante para perfis de consumo variados.
Essa distinção nas classes de exatidão reforça a necessidade de equipamentos de medição de alta performance e a importância de garantir que eles operem dentro dessas tolerâncias rigorosas. Qualquer desvio pode resultar em faturamento incorreto, gerando prejuízos para o consumidor ou para a distribuidora.
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O Papel Crítico dos Transformadores de Instrumentos (TCs e TPs)
No circuito de medição em Alta Tensão, os medidores não trabalham sozinhos. Eles dependem fundamentalmente dos Transformadores de Corrente (TCs) e dos Transformadores de Potencial (TPs), também conhecidos genericamente como Transformadores de Instrumentos (TIs).
Esses equipamentos têm a função essencial de reduzir os altíssimos níveis de corrente e tensão presentes nas linhas de AT para valores muito menores e seguros, que podem então ser lidos pelos medidores convencionais. Sem TCs e TPs precisos, mesmo o medidor mais calibrado apresentaria leituras incorretas.
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A Especificação Enel destaca a responsabilidade pelo fornecimento desses equipamentos:
“Cabe à Distribuidora o fornecimento dos Transformadores de Corrente (TC) e Potencial (TP), necessários à medição do consumo de energia elétrica fornecida e da demanda registrada, sendo estes de uso exclusivo da Distribuidora” (Especificação Enel, Seção 7.7.3)
Mesmo sendo fornecidos pela distribuidora e de uso exclusivo para fins de faturamento, a precisão no funcionamento desses TIs é uma garantia para ambas as partes. Por isso, assim como para os medidores, existem requisitos de classe de exatidão para os transformadores de instrumentos:
“Os secundários exclusivos para medição de faturamento dos TC e TP devem ter classe de exatidão 0,2 ou melhor, para todas as cargas e relações, considerando as condições de projeto e a frequência nominal do sistema (Especificação Enel, Seção 7.7.3)
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Essa exigência de classe 0,2 ou melhor para os secundários de medição dos TCs e TPs garante que a redução dos níveis de corrente e tensão seja feita com a mínima distorção e erro possível. É um padrão de alta precisão, fundamental para assegurar que os dados enviados para os medidores reflitam com fidelidade o que está acontecendo na rede de Alta Tensão.
A importância dos TIs é tão grande que a Especificação Enel também menciona aspectos de instalação e conexão que devem ser observados, como a montagem em poste de concreto e o aterramento adequado dos circuitos secundários em um único ponto.
“Para a medição de faturamento deve ser instalado um conjunto de três TPs e três TCs, montados em poste de concreto de 4,5m, com suporte capitel de concreto. As interligações dos circuitos secundários de cada conjunto devem ser feitas através de eletrodutos de aço galvanizado e caixas de interligação com lacre, conforme padrão da Distribuidora… Devem ter os circuitos secundários de corrente e potencial aterrados em um único ponto por circuito, o qual deve estar o mais próximo possível do local de instalação dos TC e TP. Nesses circuitos os condutores de retorno devem ser independentes” (Especificação Enel, Seção 7.7.3)
A integridade e a calibração dos TCs e TPs são, portanto, tão vitais quanto a dos medidores para assegurar a correta medição em Alta Tensão.
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Garantindo a Conformidade: Como a Bohnen+Messtek Entra em Cena
Até agora, vimos a complexidade e os altos padrões exigidos para a medição em Alta Tensão, desde a composição do SMF até as rigorosas classes de exatidão para medidores e transformadores de instrumentos, conforme a Especificação Enel. Mas como garantir que esses requisitos sejam continuamente atendidos na prática? É aqui que a expertise e as soluções da Bohnen+Messtek se tornam indispensáveis.
Manter medidores operando nas classes de exatidão 0,5 (para cativos) ou 0,2/0,2S (para livres) e assegurar que TCs e TPs estejam fornecendo sinais precisos requer verificação e calibração periódicas. A Bohnen+Messtek atua diretamente nesse cenário, fornecendo os equipamentos de alta precisão necessários para realizar esses ensaios e calibrações.
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Um dos pilares da oferta da Bohnen+Messtek são os sistemas de calibração de medidores de energia.
Esses sistemas são projetados para verificar a exatidão de diversos tipos de medidores, incluindo aqueles utilizados em instalações de Alta Tensão. Com eles, laboratórios de calibração, grandes consumidores com estrutura interna de metrologia e até mesmo as próprias distribuidoras podem realizar testes rigorosos para comprovar que os medidores atendem às classes de exatidão exigidas pela regulamentação e pela Enel, como 0,2 ou 0,2S. Isso é feito através de ensaios rastreáveis, que garantem a confiabilidade dos resultados.
Além dos medidores, a Bohnen+Messtek também oferece soluções voltadas para a verificação dos Transformadores de Instrumentos.
Equipamentos especializados permitem realizar ensaios em TCs e TPs para verificar sua relação de transformação, a curva de saturação (essencial para TCs) e a carga (burden) imposta pelos medidores e cabos. Essas verificações ajudam a identificar se os TIs estão operando corretamente e dentro da classe de exatidão 0,2 exigida para seus secundários de medição.
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Ao fornecer esses equipamentos de ponta, a Bohnen+Messtek capacita seus clientes a:
- Realizar calibrações e ensaios periódicos para manter a precisão ao longo do tempo.
- Identificar e corrigir desvios que podem levar a faturamentos incorretos ou problemas de conformidade.
Em um ambiente onde a precisão na medição em Alta Tensão é tão crítica, contar com as ferramentas certas faz toda a diferença. A Bohnen+Messtek se posiciona como a parceira que oferece a tecnologia e o conhecimento metrológico para garantir que sua instalação atenda plenamente aos requisitos medição alta tensão estabelecidos pela Enel e pelas normas do setor elétrico brasileiro.
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Aspectos de Instalação e Responsabilidade
Além dos requisitos técnicos rigorosos para os equipamentos de medição, a Especificação Enel detalha também aspectos práticos relacionados à instalação física do Sistema de Medição para Faturamento (SMF) e define claramente as responsabilidades entre a distribuidora e o consumidor.
A localização do quadro ou cubículo de medição, que abriga os medidores e equipamentos associados, é um ponto relevante. A norma estabelece um posicionamento específico:
“O quadro de medição deve ser localizado em sala de comando da subestação do cliente (separado das demais instalações) ou em abrigos específicos, localizados a, no máximo, 30 metros dos transformadores para instrumentos, nos quais deve ser instalado o medidor principal e, quando necessário, o medidor de retaguarda (Especificação Enel, Seção 7.7.1)
Essa proximidade com os transformadores de instrumentos (TCs e TPs) é importante para minimizar a extensão dos circuitos secundários, o que ajuda a preservar a precisão da medição, reduzindo perdas e interferências. Além da localização, o aterramento dos painéis ou cubículos de medição é uma exigência de segurança e funcionalidade:
“Os painéis ou cubículos de medição devem ser aterrados diretamente na malha de terra da subestação” Especificação Enel, Seção 7.7.1)
Em termos de responsabilidade, a Especificação Enel é bastante clara sobre os deveres do consumidor em relação aos equipamentos de medição, mesmo que muitos deles (como os TIs) sejam de propriedade da distribuidora.
“Para os efeitos deste documento, o consumidor é responsável, na qualidade de depositário a título gratuito pela custódia dos equipamentos de medição conforme previsto na Resolução 414/2010 da ANEEL e nos Procedimentos de Distribuição – PRODIST;” (Especificação Enel, Seção 7.7.1)
Isso significa que o consumidor deve zelar pela integridade física dos equipamentos instalados em sua propriedade. A distribuidora se reserva o direito de não se responsabilizar por danos causados por mau uso, dimensionamento inadequado das instalações internas do consumidor, corrosão, infiltração de água ou avarias mecânicas nos equipamentos de medição.
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“A Distribuidora não se responsabiliza pelos danos ocasionados nos equipamentos de medição decorrentes de causas que atestem o mau uso dos mesmos, dentre os quais:
- Dimensionamento inadequado das instalações internas;
- Corrosão por agentes químicos, infiltração de água e umidade;
- Abalroamento nas estruturas ou outras avarias de origem mecânica.” (Especificação Enel, Seção 7.7.1)
Essa divisão de responsabilidades reforça a necessidade de o consumidor manter suas instalações internas (após o ponto de entrega) em conformidade com os padrões técnicos e garantir um ambiente seguro e adequado para a operação dos equipamentos de medição.
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A medição de energia elétrica em Alta Tensão (AT), nas faixas de 69 kV e 138 kV, é um componente fundamental da relação entre a distribuidora e o consumidor, influenciando diretamente o faturamento e a própria operação do sistema elétrico. Como vimos ao longo deste artigo, baseado na Especificação Enel “CNC OMBR MAT 19 0407 EDBR Fornecimento de Energia Elétrica em Alta Tenso 138 69 kV”, os requisitos medição alta tensão são detalhados e exigem um alto padrão de precisão e conformidade.
Compreendemos a composição do Sistema de Medição para Faturamento (SMF), destacando o papel do medidor principal, medidor de retaguarda opcional, dos transformadores de instrumentos (TCs e TPs) e do sistema de comunicação. Mergulhamos nas classes de exatidão rigorosas, especialmente a classe 0,2 ou 0,2S para consumidores livres e potencialmente livres, e na exigência de precisão classe 0,2 ou melhor para os secundários dos TCs e TPs. Também abordamos os aspectos práticos da instalação e a crucial responsabilidade do consumidor pela custódia e integridade dos equipamentos de medição.
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Atender a todos esses requisitos não é uma tarefa simples; exige conhecimento técnico aprofundado e, acima de tudo, a capacidade de verificar e garantir a precisão metrológica dos equipamentos ao longo do tempo. É nesse ponto que a Bohnen+Messtek se destaca como uma parceira estratégica.
Ao oferecer sistemas de calibração de medidores de energia de alta performance e equipamentos para ensaios em TCs e TPs, a Bohnen+Messtek fornece as ferramentas essenciais para que empresas e laboratórios possam assegurar que cada componente do SMF opere dentro das rigorosas tolerâncias exigidas pela Enel Distribuição e pela regulamentação nacional (PRODIST e ANEEL).
Garantir a precisão na medição de Alta Tensão é sinônimo de faturamento justo, eficiência energética e segurança operacional. Não deixe a conformidade da sua instalação ao acaso. Conte com quem entende de metrologia e precisão para sistemas elétricos de potência.
Conte com a expertise e os equipamentos da Bohnen+Messtek para garantir que seus requisitos de medição em Alta Tensão sejam plenamente atendidos.