Eletricidade: A vida sem ela

Por Danielle M. Bohnen

A energia elétrica foi responsável por diversos avanços no mundo, mas o que seu desenvolvimento pôde proporcionar sem a menor dúvida, foi a evolução da tecnologia. E como era a vida antes de todos os luxos que temos hoje promovidos pela tecnologia?
Chuveiro com água quente, aquecimento, conservação e cozimento de alimentos, a iluminação pública e residencial, tudo isso era muito diferente antes do advento da tecnologia. Apesar de hoje para nós ser impensável viver sem eles, nessa época as pessoas viviam normalmente sem esses luxos promovidos pela energia e a tecnologia.
COZINHA
Trata-se do lugar mais importante de uma residência, por ser onde se manipula o alimento, que carrega um importante significado sacro. O alimento é o símbolo do resultado de um trabalho, de um esforço, é quando a família se reúne para uma atividade comunitária, momento para conversar e trocar experiências e sentimentos. Mesmo quando nos reunimos com amigos, o papo sempre acaba neste canto da casa.
Em épocas remotas, a cozinha era um pouco diferente do que conhecemos hoje. Ainda em poucos lugares mais distantes da cidade, principalmente em fazendas, podemos encontrar utensílios e equipamentos rústicos que eram utilizados em épocas remotas.
Fogão a lenha
O fogão era à lenha. As pessoas costumavam acordar bem cedo para cortar galhos secos, ideais para o fogão, visto que não é qualquer madeira utilizada para esse fim. Geralmente, consistia em uma grande caixa de metal com orifícios na chapa de cima onde se apoiavam as panelas. Logo abaixo uma pequena porta dava acesso a uma câmara onde a lenha era posta. E uma gaveta abaixo da câmara servia para juntar as cinzas da lenha queimada. Outros eram construídos de barro ou tijolos, em um dos cantos da cozinha com ou sem escape para a fumaça.
Fogão a lenha de metal
Vejamos que nem sempre existiu tampouco o fogão à lenha. Em épocas mais remotas ainda, quando o ser humano vivia em pequenas comunidades, geralmente era acesa uma fogueira no centro da aldeia, onde a comida do dia era aquecida e alimentava a tribo. A hora de comer era sagrada para maioria dos povos, então muitas vezes as refeições eram acompanhadas de música e danças em agradecimento às divindades locais.
Fogueira na caverna
CONSERVAÇÃO
Você é capaz de imaginar o que seria o nosso cotidiano sem a geladeira? Pois bem, nossos antepassados desenvolveram técnicas para conservar alimentos, principalmente durante o inverno, quando era mais difícil sair para caçar, pescar ou coletar. Há estudos que comprovam que o homem pré-histórico na necessidade de conservar alimentos em períodos de escassez passou a utilizar o fogo, o ar e a água, lançando mão do que oferecia a natureza, como formas de conservação. Escolhiam lugares frios e escuros nas cavernas para ali armazenar o alimento da caça e coleta. Depois da descoberta e domínio do fogo, o homem descobriu que os alimentos cozidos duram por mais tempo.
As civilizações antigas ocidentais e orientais, desenvolveram técnicas para além de suprir a falta de alimentos em períodos de escassez, sentiram a necessidade de conservar os alimentos para o transporte de comercialização ou para longas viagens. As formas utilizadas era o gelo, lugares onde há neve era comum enterrar os alimentos. A defumação, que consiste em usar a fumaça da fogueira para desidratar os alimentos. A secagem, muito utilizada por índios e colonos brasileiros consiste em expor o alimento ao sol até estar totalmente seco. As propriedades do sal para a conservação de carne e pescado foi descoberta ao enterrar o alimento na areia da praia. Muito comum era a utilização de óleos, gordura, vinagre e mel para conservar as carnes.
Peixe seco para conservação
Durante os anos, o homem sentia cada vez mais a necessidade de conservar alimentos por mais tempo, por isso, as técnicas antigas foram sendo aprimoradas. É atribuído ao confeiteiro francês Nicolas Appart a ideia de cozinhar os alimentos e guardá-los ainda quentes em recipientes de lata sem ar. Hoje em dia, temos as conservas, que consiste em guardar os alimentos cozidos em latas e vidros a vácuo, mas que carrega um significado mais tradicional e prazer para o paladar do que por apenas conservação.
Conservas
TELEVISÃO E RÁDIO: entretenimento e diversão
O que as pessoas faziam sem a televisão e o rádio para se informar e entreter? A comunicação entre as pessoas era feita de forma interpessoal e por cartas. Antes da energia elétrica era impossível pensar em aparelhos que transmitiam som e imagem a longa distância.
As notícias mais relevantes eram sobre a própria comunidade. O antigo boca-a-boca era a única ferramenta conhecida para a troca de informações. Outra solução era por meio de cartas, que levavam dias, semanas e até muitos meses para chegarem ao seu destino, portanto, a informação que chegava ao receptor já não era mais uma “novidade”.
As crianças de hoje divertem-se jogando video-game, navegando pela internet, assistindo à televisão, entre outros. Antigamente, as brincadeiras eram bem diferentes. O centro das aldeias e posteriormente a rua, eram os lugares onde as crianças encontravam-se para brincar. No Brasil, as brincadeiras mais comuns eram: pega-pega, passa-anel, corre Cotia, ciranda, mãe da rua, pipa, carrinho de rolimã, amarelinha, bolinhas de gude e muitas outras. Além disso, as brincadeiras podiam ser totalmente improvisadas com os elementos de que dispunham naquele momento.
Amarelinha
Com os avanços tecnológicos asbrincadeiras mudaram completamente. É uma faca de dois gumes, pois ao mesmo tempo em que a criança pode aprender e ter mais acesso a diversos tipos de coisas e conhecimentos, é também privada do contato interpessoal, criatividade em equipe, entre outras coisas.
Brincadeiras de hoje: video game
A LUZ DAS CIDADES
Quando não era possível a iluminação artificial, pois até então não se tinha o domínio da energia elétrica, as pessoas tinham o hábito de viver conforme a luz natural. Isso significa que quando anoitecia era a hora de dormir e o dia começava com os primeiros raios de sol.
O homem pre-histórico, quando passa a realizar seus rituais, passa também a utilizar tochas de fogo para iluminar suas cavernas quando a noite caía. A luz do fogo é vista até hoje como símbolo divino e espiritual. Com o avanço das civilizações, o fogo e a luz continuam diretamente conectados com os rituais e os sacerdotes. Fogueiras eram acesas no centro das aldeias a fim de aquecer e iluminar o espaço de convivência, em torno dela os rituais sagrados com música, dança, etc, eram realizados, como o olho da divindade sobre os homens mortais.
Fogueira no centro da tribo
As lâmpadas de óleo já eram conhecidas pelos mesopotâmios a 8000 anos a.c. Mas foram os egípcios os pioneiros a utilizar as velas como forma de iluminação. Na idade média, era comum o uso de tochas de fibra torcida embebidas de material inflamável.
Tempos mais tarde outras formas de iluminação passaram a ser utilizadas, como as velas, feitas de cera e sebo ou lampiões a óleo ou querosene, eram utilizados grandes candelabros com várias velas. O problema é que todos eles exalavam mal cheiro e tinham propensão a acidentes e incêndios, bem como a sujeira que deixavam no ambiente.
Acendedor de lampião público
A partir de 1805, em Londres, tem início o uso de lampiões a gás nas ruas. Um funcionário era responsável por acender cada poste individualmente, o acendedor. Mas apenas quarenta anos depois passaram a ser utilizados dentro das residências. Apesar de apresentar luminosidade mais intensa o que equivalia a doze velas, os lampiões a gás, exalavam mal cheiro, produziam sonolência por intoxicação e apresentavam grande risco de incêndios e explosões.
AQUECIMENTO
Graças à evolução da eletricidade, nos dias atuais, podemos contemplar um dia de frio olhando pela janela enquanto nossos pés deliciam-se quentinhos no calor da estufa elétrica ou do aquecedor ligado na tomada. A única coisa que precisamos fazer, é ligar um botão e regular a intensidade de calor desejada.
Nas civilizações remotas encontramo-nos novamente com o fogo como elemento principal da vida humana. Não é a toa que este elemento é o mais importante para o inconsciente coletivo das nações, visto como divino, sagrado, acalentador, símbolo das ideias, das paixões, do amor. A fogueira acesa no centro da aldeia, iluminava e aquecia. Colocava toda a tribo em contato físico, mantinha longe as feras da floresta, protegia.
O desenvolvimento das cidades levou o fogo do centro da aldeia para dentro dos castelos. As lareiras, ainda, encontradas em muitas residências modernas oferecem a mesma função de aquecer, acolher e de colocar todos os membros da família em comunhão em uma noite fria.
Lareira
A SAÚDE
Sem a energia elétrica não era possível o acesso a certos tratamentos médicos comuns para nós hoje. Equipamentos como raio-x, radiograma, entre outros, eram impensáveis nas épocas remotas.
A doença e a morte eram vistas como provisões divinas, consequências de movimentos espirituais. Muitas civilizações antigas como os egípcios e os maias tinham conhecimentos avançados de medicina, com o uso de ervas, elementos naturais e inclusive cirurgias.
Porém, a energia elétrica mudou totalmente os hábitos do homem. Por um lado foi responsável por desenvolver os equipamentos para o tratamento de diversas doenças. Mas por outro é causa de muitas delas. A glândula pineal, responsável por detectar a luz e passar a informação ao cérebro é “enganada” pela luz artificial. Isso significa que os horários de sonolência não estão mais de acordo com o processo natural do amanhecer e anoitecer. Quando vamos dormir estamos sujeitos a uma série de estímulos que pode prejudicar o descanso do corpo.
Luz artificial
Em primeiro lugar, a exposição dos olhos à luz dos equipamentos como televisão e computador atrasa o relógio biológico criando o estado de alerta quando a pessoa já deveria ter ido dormir. Em segundo, há o excesso de estresse provocado pela sociedade moderna, os problemas do dia-a-dia, os noticiários da televisão, o celular, etc. Somando a tudo isso os ruídos externos, dos aparelhos em funcionamento, a luz artificial e a alimentação desequilibrada, o sono passa de um caráter de relaxamento e desligamento a um momento de tortura, causada pela insônia ou enxaqueca por uma noite mal dormida.
Dormir mal
Segundo o Dr. Alexandre Feldman, o escuro total é fundamental para que o corpo funcione da forma adequada. É durante o sono que são produzidas as substâncias que são importantes para o bom funcionamento do organismo.  “Uma delas é a malatonina. Produzida pela glândula pineal, localizada nas profundezas do cérebro, a melatonina é a rainha (e o rei) dos hormônios e neurotransmissores. Ela é um neurohormônio. Sua produção governa nossa imunidade, nossa temperatura corporal, nossos níveis de serotonina (neurotransmissor-chave cujo desequilíbrio ocorre em doenças como enxaqueca, depressão, pânico, ansiedade e fibromialgia), nossa escolha alimentar, nossos níveis de hormônio do crescimento (que nas crianças faz crescer, e nos adultos participa na regeneração das células e tecidos que se desgastaram durante o dia), nosso hormônio estrogênio, e nosso hormônio do estresse – cortisol. A melatonina também governa a qualidade do nosso próprio sono.”
Saúde?
Segundo Feldman, a má qualidade do sono pode resultar em ansiedade, depressão, enxaqueca, etc. Feldman diz que as pessoas hoje vivem fora do equilíbrio da natureza que é feito de ciclos. Estamos cada vez mais anti-naturais. Portanto, o que precisamos agora é aproveitar ao máximo as vantagens que nos proporcionou a energia elétrica, mas com os devidos cuidados para que ela não se torne a principal vilã contra a nossa saúde.
Fontes:
http://correiogourmand.com.br/info_cultura_gastronomica_12.htm
www.portaleducacao.com.br
http://www.alimentacaoforadolar.com.br/conteudo.asp?pag=132
http://www.grupoescolar.com/materia/historia_da_conservacao_dos_alimentos.html
http://portal.clickfolha.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=198:brincadeiras-de-crianca-antigamente-e-hoje-em-dia&catid=38:geral&Itemid=61
http://www.coladaweb.com/fisica/eletricidade/instalacao-eletrica-residencial
http://www.enxaqueca.com.br/blog/?p=157
 http://www.cciluminacoes.com.br/novo/historia_da_iluminacao.html
http://lionel-fischer.blogspot.com/2009/06/historia-da-iluminacao.html
http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/dicasemail/dica26.htm
http://pt.shvoong.com/books/dictionary/1630147-tecnologias-breve-história-da-iluminação/

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