Conheça a casa confortável que não usa a rede elétrica

Por Danielle Bohnen
As linhas de eletricidade não chegam à casa da família Barba Walker, localizada em Xcunyá, em Yucatán, México, mas isso não é um problema, pelo contrário, fez com que seus moradores enxergassem a possibilidade de utilizar energias alternativas e agora seu lar é abastecido por energias eólica e solar.
Luis mostra os painéis solares
Geladeira, ferro de passar, televisão, computador, tudo funciona com a energia que provém de fonte naturais: sol e vento.
Existe a ideia errônea de que esse tipo de sistema faz a família viver com restrições, mas Luis Barba e Nancy Walker são a prova de que não é verdade, pois levam uma vida confortável e não consomem energia elétrica da rede principal.
A ideia da casa sustentável surgiu quando o casal decidiu morar em uma região afastada da cidade. O único problema era que a linha da rede elétrica não chegava até o local.
Em vez de ficarem desanimados, o casal decidiu instalar o sistema de energia eólica e solar. Assim que as placas solares e o gerados eólico foram instalados, começaram a chamar a atenção da vizinhança.
Diante da curiosidade dos moradores, surgiu a ideia de criar um parque no qual podia-se explicar a função de cada equipamento. O projeto foi baseado em três frentes: resgate da cultura maia, meio ambiente e sustentabilidade e tecnologias limpas.
Assim nasceu o Parque Aak, que funciona no mesmo terreno onde Luis e Nancy construíram sua casa, há um ano e meio.
Javier Cobo, especialista em arquitetura tropical, assessorou o projeto, posteriormente, os arquitetos Cecilia Sanchez Meza e José Alvarez Patrón desenharam e desenvolveram.
Luis Barba explica que uma das características da casa é seu muro duplo a Leste e Oeste, por onde o sol nasce e se põe. A função da primeira parede é reter o calor para evitar que a segunda – a 30 cm de distância – esquente.
A segunda parede não tem que ser necessariamente de concreto, assim se o objetivo é reduzir custos pode-se utilizar madeira ou outro material.
Chaminé Maia
Na casa foi aplicado o princípio conhecido como “chaminé maia”. Trata-se de um sistema que aproveita que o ar quente tende a subir, então na parte superior das paredes há cubos de ar para o vento cruzar e levar o ar quente para fora. Isso permite que a casa mantenha um temperatura agradável.
Na casa sustentável não existe falta de energia, onde dispõe da comodidade de todos os equipamentos elétricos
Luis Barba diz que apesar do intenso calor do verão, quando o termômetro chega a registrar mais de 40 graus, ele e sua esposa dormem sem ligar o ventilador, pois a casa foi projetada para que o ar que entra pelas janelas seja suficiente. “Até sentimos um frescor”, conta.
Outra característica da casa é um cubo circular de luz, que, assim como o muro, tem duas capas entre as quais circula o vento e leva o ar quente. Além disso, sua posição permite funcionar como um relógio solar: marca a hora de acordo com a posição do sol. Aos pés do cubo há um pequeno lago artificial com plantas e peixes.
A casa tem um aquecedor solar que funciona com uma caixa que acumula água e a mantém a uma temperatura de 90 graus. O sistema combina a água quente com a fria para o chuveiro e a torneira. O aquecedor solar substitui o tradicional que funciona a base de butano, representando uma grande economia.
Nancy Walker diz que teve de trocar seu bujão de gás apenas uma vez desde que a casa foi construída, pois o usa apenas para cozinhar.
O congelador e o freezer da casa também são especiais: utilizam energia alternativa para congelar os alimentos.
As células solares utilizadas no projeto da casa, foram instaladas no telhado e são em total de oito unidades de 160 watts cada uma.
Baterias
Um espaço da casa é destinado às baterias, que acumulam a energia captada. Cada bateria tem capacidade de 45.000 watts, o que equivale a 45 horas de funcionamento de um ar condicionado de 1000 watts.
Nancy mostra a sala de baterias
A casa tem 20 baterias, assim que conta com energia suficiente para usar qualquer tipo de aparelho eletrodoméstico, como lava-ropa, ferro, televisão, rádio e computador.
Em um ano e meio, o casal nunca ficou sem energia, segundo eles, mesmo em circunstâncias extremas, como a chegada de um furacão, contam com uma reserva para até 5 dias, que pode chegar a 15 ou 20 dias com restrições no consumo.
“Em certa ocasião, acabou a luz em toda a Península e somente nós tínhamos energia. Então, fiz uma brincadeira com minha esposa: ‘Liga a TV que agora nós representamos 100% da audiência desta região’”, conta Luis entre risos.
Investimento
O casal conta que o investimento destinado à compra e instalação dos equipamentos é de aproximadamente 250.000 pesos mexicanos, o que equivale a aproximadamente 21.314 dólares (EUA). Apesar do custo inicial elevado, a longo prazo, vale a pena a economia por anos de consumo.

Deixe uma resposta